Edifício Anexo BNDES
PARTIDO ARQUITETÔNICO
O sítio que abrigará o anexo do BNDES possui grande relevância. Localiza-se em área privilegiada junto ao convento de Santo Antônio. Situa-se ao lado do Largo do Carioca, região de significativo valor histórico e cultural, considerado por muitos como o coração da cidade do Rio de Janeiro.
O ambiente urbano caracteriza-se, sobretudo, pela diversidade. O pluralismo domina a paisagem e proporciona um terreno fértil às múltiplas manifestações da natureza humana. As diferenças coexistem democraticamente num mesmo espaço urbano. O conceito de alteridade presta-se como palco para expressão máxima da urbanidade.
A rua, integrada à praça, que se estende por toda a área do Largo do Carioca, sustenta a vida urbana. A descrição do “(…) chão que continua …", narrada por Lúcio Costa, aplica-se à região e compõe o cenário edificado. Revela-se como a essência que caracteriza a riqueza do espaço urbano desenhado por Roberto Burle Marx.
O partido arquitetônico para o anexo do BNDES incorpora o conceito de generosidade urbana. Alinha-se ao princípio de valorização do espaço urbano em estreita sintonia com o cenário existente. O edifício proposto abre-se para a Av. República do Paraguai. Sugere uma grande praça pública sob sua perspectiva, cuja dimensão estabelece escalas diferenciadas e revela, ao mesmo tempo, a grandeza da instituição.
A intenção foi conceber um edifício que atendesse as necessidades estabelecidas pela instituição sem negligenciar o impacto de sua construção sobre o ambiente da vizinhança. Por tanto, nos apropriamos do terreno em sua plenitude e, em contrapartida, devolvemos parcela do sítio à cidade, por intermédio da criação de uma praça que se presta, igualmente, como área de transição entre os domínios público e privado.
A relação de hierarquia entre o Edifício Sede e seu anexo é clara. O primeiro apresenta-se como um imenso monolito opaco, negro, que “flutua" no espaço, discretamente apoiado pelo seu embasamento. Expressa o caráter de uma instituição sólida e austera. Já o Anexo do BNDES, brota do terreno e abre-se para a rua, libera o solo e mostra-se para a cidade, de forma transparente e ampla.
O desenho do edifício do Anexo do BNDES, a sua arquitetura, revela a filosofia da instituição, caracterizada pelos princípios de transparência, inovação e sustentabilidade do desenvolvimento sociocultural do país.
COMPOSIÇÃO / VOLUMETRIA
A solução formal do Anexo do BNDES é resultante das intenções projetuais estabelecidas no partido arquitetônico. As análises e os estudos de ocupação do terreno foram conduzidos com vistas a responder às demandas estabelecidas pela instituição e, ao mesmo tempo, valorizar o espaço urbano.
1. Diagnóstico | O terreno possui oitenta por cinquenta metros. A cota de cortamento é determinada pela altura do convento de Santo Antônio. Os estudos de sondagem permitem a construção de até cinco subsolos. O volume oriundo das condicionantes caracteriza-se como prisma monolítico.
2. Embasamento | A liberação do solo possibilitou, no pavimento térreo, a criação da Praça e a constituição de um espaço semiprivado. Presta-se como embasamento do edifício e abrange os conceitos de continuidade e fluidez espacial por meio do prolongamento da calçada em adequação ao espaço urbano consolidado.
3. Átrio | Respeitadas as áreas definidas no programa de necessidades, e com o propósito de estabelecer orientação clara e objetiva dos fluxos, bem como de possibilitar a entrada de luz natural, filtrada no interior do edifício, concebe-se a supressão da área excedente, no corpo central, como estratégia importante para a consolidação do Átrio do Anexo do BNDES.
4. Coroamento | A identidade arquitetônica foi obtida pela adoção de linguagem formal austera. A cobertura verde sugerida constitui componente de coroamento, confere unidade, e presta-se, ademais, como grande terraço-jardim de dupla função. A primeira, técnica. A segunda, de ligação com o convento de Santo Antônio, de contemplação das visuais do centro da cidade, bem como de ícones do turismo do Rio de Janeiro.
As posturas e as soluções projetuais definidas no partido arquitetõnico resultaram na construção de uma proposta estruturada em conformidade com os principios contemporâneos eficiência energética com vistas a minimizar os impactos ambientais.
As análiles e justificativas do projeto estão descritas nas demais pranchas por meio de diagramas explicativos.
Local: Rio de Janeiro - RJ
Cliente: BNDS
Data do projeto: 2014
Área do Terreno: 4.470,00m²
Área Construída: 29.700,00m2
Equipe: Sérgio Roberto Parada Arquitetos Associados; Sérgio Roberto Parada , Rodrigo Biavati (autores), Kyle Bussinguer Spinola de Andrade e Felipe Miranda (co-autores), Caio Monteiro Damasceno (colaborador)
- Estúdio MRGB, Igor Campos e Hermes Romão (autores), Cassio Oliveira (co-autor), Flavia Groba, Ana Oréfice e Rodolfo Marques (colaboradores).
Cliente: BNDES
Tipologia: Institucional
Construção: 29.700m²
Rio de Janeiro/RJ - 2014