Edifício Touring Club
Ao fazermos qualquer intervenção em nossas cidades, somos obrigados a respeitar a história, o desenho e o meio ambiente destas estruturas urbanas, de modo que nossa ação resulte sempre na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos que habitam este espaço, ou seja, o pensamento do bem estar coletivo sempre deverá prevalecer sobre o individual.
Ao propormos este tipo de intervenção em Brasília, principalmente na zona tombada, nossas responsabilidades aumentam ainda mais tendo em vista que esta cidade inventada por Lúcio Costa, Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, é a Capital do Brasil. Brasília carrega consigo um forte simbolismo, não só político, mas também cultural, e nela reflete a síntese de uma sociedade diversa e rica como a brasileira. Mesmo sendo considerada uma cidade jovem, sua história é muito importante, pois, apesar de ser recente quanto a sua execução é resultado de um longo tempo de maturação política que levou a mudança da Capital do Brasil do litoral para o Planalto Central do país.
A intervenção que ora apresentamos neste trabalho refere-se à ampliação do espaço formado pelo atual edifício denominado “Touring Club”, assim como a preservação de sua atual estrutura. Este edifício está localizado no Setor Cultural Sul, junto a Plataforma Superior da Rodoviária, no centro urbano da cidade.
Este complexo arquitetônico aqui denominado como Centro de Entretenimento e Cultura Esplanada, deverá enfatizar o uso de seus espaços com atividades ligadas principalmente a cultura. Para que isso ocorra foi estabelecido um programa o qual não descaracterize o Setor Cultural Sul, mas pelo contrário, que possa mantê-lo pleno e vivo através da valorização do edifício existente e de suas ampliações, tornando-o auto-sustentável dentro do enfoque ambiental e econômico de maneira que este conjunto não se transforme em um futuro próximo num edifício desintegrado do espaço onde está implantado, sem uso nem manutenção.
Para transformar o conceito acima estabelecido em realidade de projeto, percorremos os seguintes passos descritos abaixo como fundamentais para a elaboração do Estudo Conceitual:
1. Respeitar e valorizar o edifício existente, em concreto aparente, de autoria do arquiteto Oscar Niemeyer. Para que isso ocorra, todas as novas estruturas complementares a este edifício não deverão descaracterizar seu desenho nem inibir as visuais marcantes de sua cobertura em relação ao espaço urbano do entorno. A proposta não deve permitir a execução de anexos que toquem nesta estrutura simbólica, a qual compõe o desenho do espaço urbano da Plataforma Superior da Rodoviária;
2. Estabelecer como necessidade básica a recuperação de toda a estrutura existente, de maneira que seu partido estrutural original seja respeitado e recuperado tecnicamente, voltando a manter sua característica de estrutura de concreto aparente;
3. Considerar de fundamental importância a integração da Plataforma Superior da Rodoviária com o nível inferior que dá acesso ao espaço da Biblioteca Nacional e Museu através do túnel existente e desativado. Este túnel, quando reativado nas suas funções originais, proverá este espaço urbano desta importante ligação entre estes dois níveis;
4. Usar tecnologia de construção compatível e harmônica com a edificação existente e com o contexto urbano;
5. Desenhar os anexos do edifício existente com linguagem própria e mostrando a época em que foi concebido sem, no entanto, ocasionar desarmonia entre as estruturas;
6. Oferecer usos compatíveis aos espaços existentes e propostos, criando áreas agradáveis ao deslocamento das pessoas.
7. Explorar o potencial que a paisagem urbana do sítio oferece, ou seja, direcionar os espaços de forma a aproveitarem ao máximo as vistas para a Esplanada dos Ministérios, Museu, Teatro, entre outros, simbólicos da cidade de Brasília.
8. Tornar este complexo arquitetônico atrativo para que as pessoas possam usufruir de seus espaços percorrendo-os sem barreiras físicas ou psicológicas, integrado inteiramente a urbes.
O partido arquitetônico adotado considerou os pontos acima a bordados. A definição espacial do conjunto privilegiou o edifício histórico e criou dois anexos em suas laterais, sul e norte.
Na cobertura destes anexos, cuja ocupação é de 40% da área do terreno, dois usos são importantes para fazer esta conexão com o edifício existente e com a via urbana. No anexo sul será criada uma pequena praça chamada Praça da Cultura Popular, composta por um espaço a céu aberto e uma série de locais para o desenvolvimento e venda dos artesanatos do país. No anexo norte, com vistas para a esplanada dos Ministérios, será criado o Café do Terraço o qual juntamente com o espaço do edifício existente formarão a Área Gastronômica.
Abaixo desta esplanada superior, o espaço construído não ocupa mais que 70% da área do terreno temos no anexo sul Áreas de Escritórios, no anexo norte a Casa de Espetáculos e no mezanino o Centro de Eventos formados por salas reversíveis para reuniões.
Nos 3 subsolos estão localizadas as garagens, áreas técnicas e um pequeno ponto de abastecimento de combustível voltado para a via S2.
Local: Distrito Federal
Cliente: Privado
Data do projeto: 2011
Área do projeto: 35.223m²
Equipe: Sérgio Roberto Parada Arquitetos Associados - Sérgio Parada, Rodrigo Biavati e Kyle Bussinguer (autores), Felipe Miranda (colaborador)
Cliente: Privado
Tipologia: Cultural
Construção: 35.223m²
Brasília/DF - 2011